Teses Defendidas

Os Dilemas da CUT no início do século XXI: rumo a uma nova institucionalização sindical?

Fernanda Forte de Carvalho

Data de Defesa
19 de Dezembro de 2013
Programa de Doutoramento
Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo
Orientação
Hermes Augusto Costa
Resumo
Esta dissertação tem como objetivo central compreender como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) se posiciona durante a vigência do Governo Lula no período 2003-10. Momento em que, no espaço da cidadania, para além da pauta sindical relacionada às reinvindicações trabalhistas e às ações de confronto, a CUT passa a priorizar a articulação de uma pauta em prol do desenvolvimento do país, com uma ampla agenda de negociação. A ação da CUT, neste período, passa a incorporar novos atores sociais, em especial, as centrais sindicais. Neste sentido, objetiva-se apreender os significados desta relação associativa.

O estudo busca averiguar quais foram as influências deste governo para a possível conformação de uma nova institucionalização da central sindical no início do século XXI. Sendo assim, identificar-se-ão não só os fatores que determinaram maior intensidade da ação desenvolvida entre as centrais sindicais, mas também as perspectivas para uma nova institucionalização neste período.

No âmbito nacional, são realizadas entrevistas com os Diretores Nacionais da CUT e com os representantes das centrais sindicais com as quais a CUT vem estabelecendo uma parceria regular, sendo estes: a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). Neste estudo, optou-se, também, por realizar uma entrevista com um representante da CONLUTAS, pois embora não tenha obtido o reconhecimento jurídico pelo Ministério do Trabalho e Emprego, esta Coordenação de Lutas agrupa um significativo número de ex-dirigentes da CUT. Em suma, priorizou-se a aplicação de entrevistas com os movimentos sociais, organizados em torno da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), no perímetro nacional.

Os resultados obtidos permitiram concluir que a CUT não experimenta uma fase de forte crescimento e de aceleração do processo de institucionalização, entretanto, é considerada uma instituição forte atualmente. As perdas e recomposições políticas, vivenciadas desde 2003, não conseguiram desestabilizar o tamanho das delegações nos congressos da CUT, nem o número de entidades filiadas. Por isso, o período 2003-10 é marcado por uma fase que se caracteriza como estabilização institucional. O exercício de um sindicalismo aberto ao exterior, a partir de uma agenda cidadã, conforme pretendido no discurso da instituição, é ainda um desafio. A dificuldade em estabelecer um posicionamento efetivo em direção a uma ação sindical cidadã tem relação com a capacidade de superação dos dilemas, principalmente por dentro da instituição, em específico no que tange ao projeto político e organizativo. Portanto, é a superação destes limites que poderá contribuir para uma nova institucionalização da CUT no início do século XXI.