Teses Defendidas
Espectros de Batepá. Memória, Identidade e Diferença Sexual nas Representações Literárias do «Massacre de 1953» em São Tomé e Príncipe
17 de Março de 2017
Pós-Colonialismos e Cidadania Global
António Sousa Ribeiro
e
Margarida Calafate Ribeiro
Assumindo o papel insubstituível da figura do fantasma no questionamento do passado, em particular no tocante a momentos da vida individual ou coletiva que representaram cesuras potencialmente traumáticas, proponho-me, na presente dissertação, refletir na escrita do «Massacre de 1953», em São Tomé e Príncipe, como um lugar de imaginação da nação, onde os espetros emergem como sujeitos desafiadores de fronteiras e de processos hegemónicos de produção de conhecimentos. Ancorada no campo dos estudos literários e aliando-o às ferramentas e metodologias da antropologia, da história oral, da sociologia e dos estudos feministas e pós-coloniais, esta pesquisa transdisciplinar apresenta dois grandes objetivos. O primeiro diz respeito ao levantamento das representações dos eventos de 1953 e à consequente elaboração de um arquivo da imaginação do massacre, a partir da documentação histórica disponível, dos testemunhos, de ensaios, do cinema e da música, mas sobretudo de romances, contos e poemas. O segundo, decorre do inicial, e consiste na análise deste arquivo através do conceito de fantasmagoria de Avery Gordon em articulação com a proposta da sociologia das ausências e das emergências de Boaventura de Sousa Santos, recorrendo ao espetro como elemento de pesquisa indispensável para a avaliação da escrita do massacre como uma teoria dos fantasmas, onde a nação é contada e reinventada. O arquivo da imaginação daquele que também ficou conhecido como o «Massacre de Batepá» vai consistir, como demonstrarei ao longo destas páginas, em narrativas marcadas fundamentalmente pela experiência do colonialismo e pela violência dos eventos de 1953, nas quais os espíritos assumem distintos significados simbólicos e afetivos, descrevendo, por conseguinte, diferentes "comunidades imaginadas" que, através de diferentes épocas, habitam o espaço físico e social do arquipélago. A escrita do Massacre de Batepá é, assim, um lugar criativo onde se encenam as memórias de 1953, permitindo estabelecer e redefinir pertenças, diagnosticar problemas e fazer emergir sujeitos e conhecimentos antes emudecidos nas histórias entrelaçadas de Portugal e São Tomé e Príncipe.
Palavras-chave: Massacre de Batepá, Fantasmagoria, Sociologia das Ausências e das Emergências, Memória, São Tomé e Príncipe
Data de Defesa
Programa de Doutoramento
Orientação
Resumo
Palavras-chave: Massacre de Batepá, Fantasmagoria, Sociologia das Ausências e das Emergências, Memória, São Tomé e Príncipe