Theses defended
A Teoria tem Rosto e Lugar: a cooperação Brasil-Moçambique na área da saúde e o descentramento da agenda teórica em Relações Internacionais
December 16, 2016
Post-Colonialisms and Global Citizenship
José Manuel Pureza
A tese de Doutorado A Teoria tem Rosto e Lugar: a cooperação Brasil-Moçambique na área da saúde e o descentramento da agenda teórica em Relações Internacionais debate sobre o processo de invisibilização das epistemologias do Sul pelas teorias tradicionais hegemônicas, utilizando-se de uma perspectiva descolonial e de um pensamento heterárquico, em que a multiplicidade de saberes e práticas são visibilizadas. A tese teve como objetivo o resgate da História do Sul global nas relações internacionais, com intuito de possibilitar entendimento da construção dos Estados pós-coloniais e o desenvolvimento das relações Sul-Sul, através da denúncia do colonialismo e suas novas formas de ação nessas sociedades. Uma maior evidência da História do Sul global não é só uma questão de justiça histórica, mas de (re)localizar a discussão sobre o Estado nas relações internacionais, de que suas estruturas são preponderantemente heterogêneas com ações muitas vezes difusas. A lógica de homogeneidade estrutural que é imposta na disciplina de Relações Internacionais está mais próxima de uma construção imaginária que sustentada na realidade. Para além dessa heterogeneidade, o Estado e, consequentemente, a política (de cooperação) internacional promovida por ele, sofrem ingerências tanto internas quanto externas, a exemplo do neocolonialismo e do colonialismo interno, que perduram mesmo após o fim do colonialismo formal. Para se chegar a tal compreensão, foi utilizada uma metodologia plural, realizando-se entrevistas, "conversações" e observação participante. Um dos resultados auferidos dessa pesquisa foi o desvirtuamento dos ideais acordados na construção da Fábrica de Antirretrovirais - conhecido agora como Sociedade Moçambicana de Medicamentos - promovida entre o Brasil e Moçambique, a partir de interesses de segmentos políticos e econômicos moçambicanos, assim como por desinteresses de segmentos da elite política e econômica brasileira. Esses (des)interesses se baseiam numa possível privatização da Sociedade Moçambicana de Medicamentos, pensada, em ser uma fábrica de produção de antirretrovirais 100% pública e voltada ao atendimento exclusivo da população local, num primeiro momento, afetada pelo HIV/AIDS. Portanto, a tese buscou analisar a partir de uma visão/ação descolonial, como tal projeto acabou sendo cooptado por interesses de grupos hegemônicos, internos e externos, utilizando-se de uma perspectiva heterárquica de reconhecimento da diversidade histórico-social e política.
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Abstract